quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O QUE A IGREJA TEM QUE APRENDER COM O A.A.

 Todas as semanas os membros do grupo Semente de Mostarda (grupo dos Alcoólicos Anônimos)* recitam juntos os doze passos. Eu ficava ouvindo e tinha a impressão de que os passos se reduziam a dois grandes passos. Um passo é a honestidade radical: Esses alcoólicos e viciados em drogas conseguiam farejar um engano a um quilômetro de distância e aprendiam a ser brutalmente honestos em relação a suas falhas e fracassos. O segundo passo radical é a dependência. Eles sabem que não podem superar um dia sem a ajuda de seus amigos e sem a ajuda de Deus. Cada semana, depois de confessar suas faltas, eles roam pedindo ajuda. Ocorreu-me, enquanto ouvia os alcoólicos e viciados em drogas, que minha própria igreja poderia usar um curso de reciclagem baseado exatamente sobre esses dois passos. As pessoas conseguem ser falsas na igreja. Como vai? “Ah, tudo bem, tudo bem” – quando na verdade o casamento está desmoronando, um adolescente fugiu de casa. Precisa de alguma ajuda? “Não, não, está tudo bem. Graças a Deus”.
Perguntei a George por que a maioria de seus amigos da associação A.A. evita a igreja. Ele me falou de pessoas que provaram a rejeição e veem a igreja como um lugar que enfatiza as falhas delas. “Quando convido meus amigos, eles não se sentem bem na igreja. Sentem-se deslocados. Na opinião deles, as pessoas que vão para a igreja são muito unidas. Elas se vestem bem, têm família e emprego. A vida delas funciona. Nossa vida é uma confusão. Preferimos  ficar sentados de jeans e camiseta, fumando um cigarro ou tomando café e sendo completamente sinceros uns com os outros”.
George fez depois uma observação perspicaz. Ele disse que na igreja, se alguém chega tarde, as pessoas se voltam para o atrasado. Algumas fazem cara feia, outras esboçam um sorriso de satisfação – Está vendo, aquela pessoa não é responsável como eu. Na associação dos A.A., porém, se alguém chega tarde, a reunião é interrompida e todos se levantam para saudar o atrasado, sabendo que o atraso pode ser um sinal de que o dependente quase sucumbiu. Nas palavras de George: “Quando eu chego tarde, isso prova que minha necessidade desesperada do grupo superou minha necessidade desesperada do álcool”.

(trecho do livro de Philip Yancey: “Para que serve Deus – Em busca da verdadeira fé” – págs 232 e 233)

Um comentário:

Fabricia Silva - Brica Silva disse...

Gostei muito desse txt. Ele fala de algo muito sério e que infelizmente tem ocorrido em nossas igrejas. Ao invés de recebermos o "pecador" com um abraço e alegria e dizer "Jesus estava te esperando, irmão, seja bem vindo!", preferimos olhar de cima em baixo e virar a cara. Que esse txt toque os corações congelados e transforme nossas igrejas em um local mais quente.